Teorias Críticas do Currículo

No final dos anos 1960, movimentos reacionários às características conservadoras e burocráticas do currículo começaram a criticar a falsa neutralidade defendida pelos teóricos do currículo tradicional

Os movimentos que impulsionaram a reação às teorias tradicionais de currículo foram o “movimento de reconceptualização”, nos Estados Unidos, e a chamada “Nova Sociologia da Educação”, na Inglaterra.

O “movimento de reconceptualização” foi concebida na I Conferência sobre currículo, em 1973, na universidade de Rochester, em Nova York. Liderada por William Pinar, os pensadores que se identificavam com teorias sociais de origem europeias, tais como a fenomenologia, a hermenêutica, o marxismo, a teoria crítica e a Escola de Frankfurt, analisaram o papel das estruturas na reprodução cultural e social que inspiravam o currículo tradicional.

Estes movimentos objetivavam rejeitar o paradigma estabelecido por Tyler e Bobbitt que se dizia positivista e neutra, e buscavam compreender as intenções por detrás dos currículos até então estabelecidos (SILVA, 2016).

A Nova Sociologia da Educação (NSE) se deu a partir da publicação do livro Knowledge and control, publicado em 1971, organizado por Michael Young. Reuniu diversos autores, entre eles: Basil Bernstein, Nell Keddie, Pierre Bourdieu e Geofrey Esland. A crítica da NSE se concentra nos aspectos sociais e históricos do currículo, por isso não se preocupa em saber qual conhecimento é verdadeiro ou falso ou como se aprende, mas preocupa-se em saber o que é considerado como conhecimento válido (SILVA, 2016).

A obra de Basil Bernstein se destaca no campo da sociologia crítica. Basil Bernstein foi o primeiro a falar em integração curricular. Ele caracterizou a integração ao subordinar os diferentes tipos de conhecimento às áreas que compõem o currículo. Uma subordinação a um princípio abrangente, ou a um eixo básico; diferenciado o currículo integrado do currículo clássico tradicional que ele chamou de “currículo coleção” (SILVA, 2016).

Para Basil Berstein, “o currículo define o que conta como conhecimento válido” (SILVA, 2016 p. 56). Para ele, as relações estruturais têm papel fundamental na seleção dos conhecimentos considerados válidos, na forma como estes conhecimentos serão transmitidos e na escolha dos métodos de avaliação.

Henry Giroux, um dos fundadores da Pedagogia Crítica e herdeiro da Escola de Frankfurt, se amparou no conceito de resistência e superação para construir as bases de sua teoria crítica (SILVA, 2016). Sugere que, no interior da escola, existem forças contrárias que dariam conta de resistir tanto à dominação quanto aos controles externos das estruturas que introduzem a ideologia dominante.

Os padrões curriculares desenvolvidos em programas de formação docente e nos livros didáticos é uma força controladora que faz com que os professores reproduzam na sala de aula a cultura dominante, à imagem e semelhança da indústria que domina o saber e a cultura escolares.

A fragmentação do trabalho, à imagem de uma indústria, repete-se na práxis pedagógicas no interior da escola. Os meios educacionais são apropriados pelo capital e são alheios ao professor. Este se resume a um operário alienado, repetidor das ações prescritas de como operar uma ferramenta de aula que instrumentaliza suas habilidades e saberes tal como uma máquina, bastando ao professor ter a habilidade de operá-la.

Giroux (1997) vislumbra a figura do professor como intelectual, educador social, transformador da realidade e mediador deliberado do pensamento crítico político e cultural dos estudantes. Nesse sentido, pensa o espaço escolar como lugar ideal para conscientização política e reflexão intencional. Militante da resistência politicamente informada, o autor defende a necessidade de tornar o pedagógico mais político e o político mais pedagógico na ação educativa. Giroux pensa no professor que rejeita o discurso domesticante de uma pedagogia tradicional.

Ele acredita que, mais do que entender as estruturas de dominação presentes na elaboração dos currículos escolares ou como selecionar os conteúdos reconhecidos como necessários, é preciso resistir e procurar outros meios possíveis para a realidade de uma educação emancipadora. Prega, nessa perspectiva, a Pedagogia da Possibilidade, vislumbrando o espaço escolar como lugar ideal para conscientização política e reflexão.

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