O que é Pedagogia da Alternância?
A Pedagogia da Alternância é uma metodologia pedagógica diferenciada, criada sob medida pela classe trabalhadora do campo. Não foi uma criação de especialistas em educação, antes veio de uma demanda dos próprios trabalhadores e se transformou em uma metodologia com mediações didático-pedagógicas conforme o movimento da sua estrutura a serviço da classe trabalhadora que a criou e a transforma.
Desenhou-se, portanto, uma Pedagogia que valoriza, atende e aproxima-se dos princípios do amor à terra e ao território; que é muito anterior a Educação do Campo. Embora os princípios da Pedagogia da Alternância sejam semelhantes aos princípios da Educação do Campo, ambos contém territórios conceituais com objetivos diferentes. A Pedagogia da Alternância é uma metodologia pedagógica que dá ênfase à formação integral dos sujeitos de direito da Educação do Campo.
A Educação do Campo é um conjunto de garantias de direitos aos povos do campo para que estes tenham uma educação diferenciada, de acordo com contexto da história, cultura, saberes e fazeres populares expressos no currículo aberto e em movimento da Pedagogia da Alternância.
Para Norsella (2014) a Pedagogia da Alternância se refere a uma forma de organizar o processo de ensino-aprendizagem alternando dois espaços diferenciados: a propriedade familiar e a escola. Liga-se, pois, tanto pela sua origem como pelo seu desenvolvimento, à educação no meio rural. A formação integral do estudante em regime de alternância se constrói concomitantemente com seu o modo de viver no campo, mais especificamente com o trabalho.
“A Alternância é um sistema relacional, uma rede de relações no seio do qual se multiplicam os contatos humanos. (…) A rede será mais ou menos complexa segundo os espaços de vida que se colocam em relação: família, trabalho, comunidade” (CALVÓ E GIMONET, 2014. p. 56).
Os tempos e espaços de formação
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNS) da Educação Básica, a Pedagogia da Alternância é chamada também de sistema dual. A alternância entre diferentes tempos e espaços de formação é um dos princípios basilares desta metodologia. Segundo Nosella (2014), uma “característica própria da pedagogia da alternância reside na realização do processo ensino-aprendizagem alternando o período de permanência na escola, geralmente por uma semana e o período de permanência na vida familiar, geralmente por duas semanas”. Gimonet (2007) apresenta a sequência da alternância conforme a articulação dos três tempos e a unidade de formação da seguinte forma:
| 1. O meio familiar, profissional e social | 2. O CEFFA (ou a escola) | 3. O meio |
| Experiência | Formalização – estruturação | Aplicação – ação |
| Observações, investigações, análise | Conceitualização | Experimentação |
| (Saberes experienciais) | (Saberes teóricos e formais) | (Saberes ações) |
De acordo com Apolinário (2020), “os espaços e tempos da PA alternam-se, geralmente, em periodicidade definida pelas próprias comunidades/escolas/famílias, podendo ser semanal, quinzenal, mensal ou outro período”. (Apolinário, 2020 p. 43). Segundo Mocelin (2016), nessa sucessão de espaços e tempos, tempo/espaço escola e tempo/espaço comunidade, faz-se o uso de “instrumentos que permitem a interação do jovem com o conhecimento escolar e sua realidade” (MOCELIN, 2016 p.51). Os instrumentos didático-metodológicos são indispensáveis para viabilizar a ligação, continuidade coerência, unidade e integração entre os tempos/espaços de formação (GIMONET, 2007).
A pedagogia da Alternância possui o procedimento para a fiel apreensão da realidade a partir dos elementos concretos na vida do jovem alternante quando da articulação entre os tempos e espaços de formação. Para Gimonet (2007), “a Pedagogia da Alternância representa um caminhar permanente entre a vida e a escola” (GIMONET, 2007 p.29) na articulação entre os tempos e os espaços, num ritmo de três tempos da formação ( I-meio familiar, profissional, social; II- a escola e III- meio da ação prática ou experimentação).
“Na Alternância não há aluno, mas ator socioprofissional, no sentido de que o estudante deve se tornar ativo no processo educativo” (BEGNAMI, 2018 p. 122).
Pedagogia da Alternância Diretrizes e operações do Currículo Integrado 