O Plano de Formação se apresenta como um planejamento anual de conhecimentos teóricos e práticos. De acordo com Estevam (2001), o Plano de Formação “pode ser definido como a maneira pela qual está organizada a alternância” (ESTEVAM, 2001 p. 42). É um plano ação com sequenciamento de atividades e conteúdos organizados para o percurso formativo que em conjunto com as disciplinas escolares são organizadas de forma integrada com os saberes oriundos de demandas das comunidades.
É um plano de ação adaptável para cada instituição escolar, pois é uma construção em movimento. Também é adaptável aos imprevistos e às resoluções de problemas sob vistas de prioridades e metas organizados em temas de estudos. Os conteúdos escolares são organizados conforme os blocos temáticos oriundos das demandas das comunidades ouvidas e assim detectados pela equipe multidisciplinar do Núcleo de Educação do Campo e do GITEC. Os blocos temáticos são organizados e contextualizados atravessando as disciplinas da formação técnica, da formação propedêutica, as etapas de formação e as mediações didático-pedagógicas, seguindo a sequência lógica da Pedagogia da Alternância.
A figura abaixo é um recorte de um modelo de Plano de Formação adaptado de Gimonet, 2007 pp. 74-75:
Ressalta-se que não existe um modelo de Plano de Formação padrão e estabelecido e que deva ser seguido por todas as instituições escolares que utilizam a Pedagogia da Alternância.
O modelo acima é baseado no modelo de Plano de Formação que segue a proposta de formação integrada, isto é, uma perspectiva de transversalidade dos conteúdos de formação técnica e propedêutica dialogando com os saberes e fazeres locais.
Para encontrar o arquivo completo deste modelo de Plano de Formação, clique no link abaixo:
O Plano de Formação e a relevância dos saberes tradicionais para a integração curricular
A Pedagogia da Alternância é uma Pedagogia em Movimento. Dentre os Instrumentos didáticos metodológicos, percebe-se que é a partir do Plano de Formação que os outros instrumentos da Pedagogia da Alternância vão se movimentar. Para Gimonet (2007), o Plano de Formação é o instrumento chefe, o eixo diretor, a coluna vertebral da Pedagogia da Alternância. É a “orquestração do conjunto dos componentes do dispositivo pedagógico” (GIMONET, 2007 p.70).
Este documento é pilar organizativo das mediações didático-pedagógicas da Pedagogia da Alternância. Suas informações permeiam as dimensões do currículo real e em movimento e constituem um contrato entre a escola e a comunidade, e entre a comunidade e o discente. O Plano de Formação é construído de forma coletiva por todos os envolvidos na prática educativa e pelos que serão influenciados pela ação educativa, isto é, comunidade local e regional.
Sua construção é regida pelos contextos socioculturais e históricos das comunidades rurais dos alunos. O objetivo é garantir a construção de um Projeto Pedagógico que contenha uma identidade e uma organização curricular que respeite os contextos dos arranjos produtivos locais (APL) e demandas apresentadas pelos membros das comunidades rurais, pais e alunos representadas nas ofertas formativas da escola. Seu pontapé inicial é tal como um evento, pois o ritmo da construção do documento segue uma metodologia muito próximo da metodologia freiriana chamada Círculo de Cultura. Existe toda uma preparação e uma programação organizada pela escola para receber a comunidade.
“Processo de busca, de conhecimento, por isto tudo, de criação, exige de seus sujeitos que vão descobrindo, no encadeamento dos temas significativos, a interpenetração dos problemas” (FREIRE, 1987 p.64).
Foto: Audiência Pública realizada em 2016 pelo Grupo de Trabalho Intersetorial em Educação do Campo (GITEC) no Sindicato dos trabalhadores rurais de Almenara para construção do Plano de Formação do Curso Técnico em Agropecuária integrado ao Ensino Médio, em Regime de Alternância.
Pedagogia da Alternância Diretrizes e operações do Currículo Integrado 