O currículo integrado “é aquele que tem como base a compreensão do mundo real como totalidade histórica e dialética” (RAMOS, 2010 p. 116). Ele é organizado considerando as potencialidades do ser humano como sujeito pensante, pois sua organização, metodologias pedagógicas e práticas de ensino são baseadas em desafios, problemas e/ou projetos cujo objetivo é o trabalho do pensamento pela mediação dos conceitos, permitindo a apreensão dos fenômenos na sua forma pensada e possibilitando aos estudantes superar o senso comum e avançar pelas trilhas da análise dos fenômenos do ponto de vista do conhecimento científico (RAMOS, 2010).
O currículo aberto e em movimento da Pedagogia da Alternância é a efetivação do currículo integrado, ao passo que a ênfase do currículo integrado em um curso que utiliza a Pedagogia da Alternância como metodologia são os pilares da alternância. A perspectiva do currículo integrado em um projeto de integração e formação integral dos sujeitos tem a pessoa humana como protagonista.
O pontapé inicial para se efetivar o currículo integrado é o diálogo com os que serão impactados pela ação educativa. Seria desamoroso persistir em recusar o diálogo com “homens e estes não existem fora da história ou fora da realidade que devem transformar” (FREIRE, 1983 p. 5), porque isso significaria perpetuar a prática de opressão que caracterizou a submissão da classe trabalhadora ao silêncio de suas vozes nas disciplinas dos currículos escolares.
Seminário Integrador
A foto ao lado foi tirada quando do Seminário Integrador no IFNMG-Campus Almenara. Este momento representa bem o currículo integrado em um curso técnico integrado ao Ensino Médio. O Seminário Integrador é um projeto politécnico do curso do Técnico em Agropecuária integrado ao Ensino Médio, em Regime de Alternância do IFNMG-Campus Almenara e faz parte de uma demanda oriunda de uma das Mediações Didático- Pedagógicas da Pedagogia da Alternância: O Plano de Formação. O Seminário recebe o nome de integrador devido à sua lógica inter e transdisciplinar: integração das disciplinas propedêuticas e das disciplinas técnicas atravessada pelas demandas trazidas pelas comunidades dos alunos durantes as discussões.
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O método de integração do currículo é de fundo epistemológico. Os conteúdos de ensino e a prática educativa são organizados para desenvolver no estudante a “compreensão da realidade para além da sua aparência fenomênica” (RAMOS, 2010 p 114). Quando se analisa a relação entre o conteúdo e o método nas estratégias de integração dos componentes curriculares e da prática pedagógica percebe-se um esforço para que as estratégias de organização curricular trabalharem as disciplinas através da relação e compreensão das razões, dos conceitos e dos métodos na sua totalidade.
Já a Politecnia, de acordo com Saviani (2003), diz respeito ao domínio dos fundamentos científicos das diferentes técnicas que caracterizam o processo de trabalho produtivo moderno. A Formação Politécnica permite ao profissional condições de desenvolver as diferentes modalidades de trabalho com a compreensão do seu caráter e da sua essência. A Politecnia é o domínio dos princípios científicos sobre os quais se funda a organização do trabalho moderno, pois a produção moderna se baseia na ciência (SAVIANI, 2003).
A abordagem das estratégias de formação integral é centrada nas dimensões epistemológicas que o currículo integrado tem. Tendo com base e ponto de partida os pressupostos filosóficos e políticos da formação humana integral e compreende que a educação é uma práxis humana; sua formação humana e social dependem do processo educativo (SANTOMÉ, 1998; SOUZA JÚNIOR, 2007). Portanto, o fundo epistemológico do currículo integrado tem como base os eixos trabalho, ciência e cultura.
A ciência dentro da perspectiva do conhecimento científico. Ela é a apropriação do conhecimento geral restrita a uma finalidade. Ela é concebida ciência e tecnologia para solução de problemas, ora práticos ora teóricos, que objetivados produzem fenômenos ambientais, políticos, sociais e econômicos (RAMOS, 2010).
O trabalho entendendo o sentido ontológico deste. Segundo Ramos ( 2010) “o trabalho é mediação ontológica e histórica na produção do conhecimento” (p. 114). O homem, cria si mesmo pelo trabalho, e deste é são produzidos fenômenos que são explicadas e reproduzidas pelo conhecimento geral que tem raiz em conceitos.
A cultura entendida como “um padrão, transmitido historicamente, de significados corporizados em símbolos (…) por meio das quais os homens comunicam, perpetuam e desenvolvem o seu conhecimento e as atitudes perante a vida” (CHARTIER, 2002 apud GEERTZ, 1973 pp. 66-67 ). A cultura dá testemunho da existência do homem e está intimamente ligada ao trabalho e ao conhecimento.
Foto: Bandeira do Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio, em Regime de Alternância do IFNMG-Campus Almenara