História da Pedagogia da Alternância

Foto: Pôr do sol em Arinos (MG). Brasil. A foto é uma símbolo da preocupação dos pais quanto ao futuro da profissão, da agricultura e da vida rural dos seus filhos quando da época do surgimento da Pedagogia da Alternância.

O contexto histórico:

O contexto invenção da Pedagogia da Alternância é do início do século XX, em Sérignac-Pebeudou, em Lot-et-Garone, no sudoeste da França. Era um contexto em que os pais viram nos seus filhos jovens incertezas em respeito à sua identidade rural, o seu lugar no mundo e o futuro no campo. Mas o contexto histórico de consequências de crises políticas e econômicas que permeavam a segunda grande guerra não colaborava para esses jovens enxergarem seu futuro no campo.

A Pedagogia da Alternância é resultado da preocupação tão evidente dos pais pelos filhos no ambiente familiar do contexto rural da França nos anos 1930, e do olhar compadecido de um jovem Vigário que se sensibilizou com a situação difícil das famílias das comunidades rurais em meio às consequências de crises políticas e econômicas da época.

Simplicidade de um problema posto em 1935, num vilarejo da França, para uns pais agricultores: seu filho, um adolescente, não quer ir para a escola secundária. Simplicidade da questão decorrente disto: “o que propor-lhe para continuar os estudos?”. Simplicidade do encontro com o vigário do povoado, na beira da estrada, para expor este problema.” (GIMONET, 2007 p.22).

Imagem ilustrativa do diálogo e da escuta presentes na gênese da Pedagogia da Alternância

De acordo com Rossato e Praxedes (2015), famílias rurais francesas buscaram um meio de evitar que seus filhos “gastassem a maior parte do dia no caminho de ida e volta para a escola ou que tivessem de ser enviados de vez para morar em centros urbanos” (PILETTI & ROSSATO, 2010 p.161).

Alguns jovens, sem muitas expectativas quanto ao futuro no campo, estavam desmotivados com os estudos e com o meio em que viviam. A vida na zona rural estava se tornando estereótipo de indignidade humana; a ruptura com a terra estava evidenciando-se. A solução ‘digna’ para muitos pais, para salvar seus filhos da insegurança quanto ao futuro, estava na escola urbana, e, consequentemente, na vida na cidade (NOSELLA, 2012).

De acordo com Nosella (2012), o Padre Abbé Granereau era uma pessoa influente, por isso foi percebido, no pensamento dessas pessoas simples, como o mais acessível para buscarem ajuda. Por fim, criaram um modelo específico de pedagogia. (ROSSATO & PRAXEDES, 2015 p.31).

“Tudo parecia bem simples. Só em aparência, porque atrás daquilo se escondem processos bem mais complexos. Mesmo assim, isto pareceu evidente para estes pais inventores de uma nova fórmula” (GIMONET, 2007 p. 22).

A Pedagogia tradicional da época era mais complexa do que o complexo cotidiano daqueles pais agricultores. Diante destas dificuldades estes criaram uma nova escola; uma Pedagogia complexa, porém com o bom senso de ensinar aos filhos dos trabalhadores rurais conteúdos que interagem com a cotidiana do campo, e, ao mesmo tempo, respeitam o trabalho, os elementos climáticos, a cultura e o contexto local das famílias.

A metodologia:

De acordo com Nosella (2012), o padre Granereau não queria apenas celebrar sacramentos de localidade em localidade, e ficar lecionando aulas de religião na paróquia e nas comunidades. Ele queria ser um ator de transformação. Para isso criou pequenas turmas e, através de rodízio entre os jovens, conseguiu atender um bom número deles.

Após a invenção da fórmula, a metodologia viável foi a alternância entre tempos e espaços de formação. Esta, com o tempo, foi pedagogizada por estudiosos e recebeu o nome de Pedagogia da Alternância. Daí foram elaboradas também instrumentos, organizações didáticas, princípios pedagógicos e métodos.

Por fim, a Pedagogia da Alternância que começou a ser utilizada em apenas três escolas entre os anos 1930 e 1940 foi se expandindo para outras regiões da França e para outros países, chegando, em 1960, em países da América Latina e da África. As realidades diferiam, porém os princípios que efetivaram o conceito da metodologia precisavam ser protegidos.

Para valorizar os meios em que seriam aplicados a metodologia da alternância e, ao mesmo tempo, manter os princípios e harmonia em todas as estruturas nas quais ela seria aplicada “foi criada a Associação Internacional dos Movimentos Familiares de Formação Rural (AIMFR), responsável por representar as diferentes instituições promotoras de formação em alternância no mundo” (MOCELIN, 2016 p.21).

A AIMFR foi criada durante o primeiro Congresso Internacional das Escolas da Família Agrícola em Dakar, capital do Senegal (África), durante os dias 12 a 17 de maio de 1975 (NOSELLA, 2014). Fica, pois, demonstrada a união internacional de povos do campo representados por sindicatos rurais, famílias, pais, alunos e professores em defesa da Educação do campo para o campo e pelo campo, com voz ativa.

Conforme o site oficial da AIMFR, atualmente as Escolas Famílias agrícolas estão distribuídas em mais de 40 países distribuídas em cinco continentes: África, América, Ásia, Europa e Oceania. A AIMFR é representada nestes países por organizações não governamentais. No Brasil a AIMFR é representada pela União Nacional das Escolas Famílias Agrícolas do Brasil (UNEFAB).

.

“Na Alternância não há aluno, mas ator socioprofissional, no sentido de que o estudante deve se tornar ativo no processo educativo” (BEGNAMI, 2018 p. 122).

Crie um site como este com o WordPress.com
Comece agora